Trasformar seu computador em uma pequena peça de arte pode parecer uma idéia distante para muita gente, mas não para um case modder. Na Campus Party, os cases – ou máquinas que tem a estrutura de seu CPU modificada tanto na parte externa quanto interna – atraem a atenção de campuseiros, visitantes, jornalistas ou de qualquer um que passe por elas.
Algumas máquinas se assemelham ao rosto de um dragão; outras, vêm com paisagem de floresta, com árvores e animais pintados. Tem até uma com a imagem de Darth Vader, que emite sons de respiração que, na verdade, fazem parte do sistema de ventilação do computador. Entenda melhor porque o case modding atrai cada vez mais adébitos e chama tanta atenção na feira.
Do PC da filha a prêmios internacionais
Alexandre Nuccini, conhecido como Darth, é uma das pessoas mais indicadas para explicar esse fenômeno no Brasil. Coordenador da área de modding para a Campus Party, ele também é responsável pelo site CaseModBR – o maior fórum de discussão sobre o assunto da América Latina, totalmente gratuito. Nessa página, os participantes inscritos podem trocar artigos, tutoriais e informações sobre quais são as melhores formas de alterar o visual de seu computador e dinamizar o funcionamento do aparelho.
“União, colaboração e criatividade. Esses são os fatores que motivam a comunidade de case modders no Brasil”, diz Nuccini. Ele explica que começou a se interessar pelo assunto há dez anos, quando pintou um computador de rosa e colocou a cara de um personagem de desenho animado em uma CPU velha em casa para agradar à sua filha.
“Com R$ 100 você pode mudar muito a sua máquina, sem ter de fazer grandes esforços. Já com uma quantia em torno de R$ 1 mil, você pode utilizar materiais e peças sofisticadas, com um resultado muito legal”, garante Nuccini.
Dentro da CampusParty, ele ressalta a atenção que essas máquinas recebem e também a união dos modders do Brasil. “Hoje, nós somos 98 modders na feira. Essa comunidade é muito maior do que a média de outros eventos do tipo e até da versão espanhola da Campus Party. Já nos conhecíamos de eventos da área ou de concursos pelo País, mas essa foi a primeira vez que deu para reunir um número tão grande de participantes”.
Nuccini também ressaltou a força que os brasileiros conquistaram no exterior: nos últimos três campeonatos mundiais de case modding, o País ficou com os primeiros lugares em dois deles (em 2006 e 2007).
Beleza e funcionalidade
Foi o interesse em dar uma nova cara ao PC que trouxe William Gibk de Porto Alegre a São Paulo. “O legal em case modding é o desafio de atrelar estética e performance. Não adianta ter uma máquina linda que tem um desempenho ruim, nem uma máquina ótima que é horrível. Quem procura fazer isso é porque tem uma máquina diferente”, diz o estudante de análise e desenvolvimento.
Gibk conta que visitou uma feira em que viu os primeiros computadores modificados. Depois disso, começou a buscar fóruns de discussão do assunto e sua primeira tentativa de fazer modding foi fazer uma janela de acrílico em sua CPU. A segunda já foi bem mais ambiciosa: Ele foi a um ferro-velho, comprou um gabinete antigo que pintou de amarelo e o transformou em um computador pessoal.
Já a máquina de Hermann Maier, campuseiro que veio de Jandira, na grande São Paulo, recebeu apelidos como “casa de cupim, vitrola e escrivaninha”, por ser toda revestida em madeira. Ele relata que sua primeira tentativa ficou muito ruim, porque nunca tinha feito nada do tipo. “Fui conversando com o pessoal que entende, me interessei pelo assunto e agora consegui encontrar aqui na feira muita gente que só conhecia por fóruns virtuais”, diz. Seu projeto ficou pronto em três meses, e foi feito especialmente desenvolvido para o evento.
Desafio para um modder de sucesso
A Intel, em parceria com a CCE, promoveu um concurso de case modding para a Campus Party. Erich Beall foi o que apresentou o projeto mais interessante, baseado em formas geométricas com ângulos de 45 e 60 graus e todo revestido em material de acrílico - nas cores preto-piano e azul neon. O maior diferencial de sua máquina é que a CPU pode ter sua estrutura totalmente aberta na vertical.
“Esse é meu 12º case desde 2003. Comecei com a idéia de unir funcionalidade e estética. Minha primeira tentativa foi colocar uma alça em uma CPU, depois, me interessei cada vez mais pelo assunto”, diz.
O webdesigner também já ganhou um prêmio de uma revista especializada em informática e tem até domingo para terminar de montar sua máquina, que será toda construída durante a Campus Party no stand das empresas patrocinadoras.Filipe Pacheco - WNews